sexta-feira, 1 de maio de 2015

A Forma: Platão, Aristóteles e Avicena

 

A diferença entre Platão e Aristóteles no que respeita ao conceito de “mimesis” tem a ver com diferentes concepções da política. Aristóteles considera a ética como ramo da política; Platão considera a política como vergôntea da ética. Neste aspecto estou mais próximo do segundo do que do primeiro.

Platão considera — e com alguma razão — que o impacto do apelo emocional inerente à representação artística (mimesis) na populaça retira algum discernimento e racionalidade à ética e, em consequência, à política. É neste contexto que Platão critica Homero, e defendia mesmo que Homero fosse proibido — ao contrário do que se diz por aí, nunca Platão defendeu que os livros de Homero fosse queimados.

Há que escolher: ou você acha que a ética é consequência da política (Aristóteles), ou você acha que a política é consequência da ética (Platão). Esta é a grande diferença entre os dois que se reflecte na forma como a representação artística é concebida.

De resto, Aristóteles não colocou de parte a “teoria das ideias” de Platão que está na base do problema dos universais. Aristóteles tem a este respeito duas concepções: uma, quando pensa; e outra, quando se opõe a Platão. Mas quando Aristóteles pensa por si mesmo, não difere grande coisa de Platão.

A teoria das ideias e os universais estão na base de uma certa aversão de Platão à mimesis: uma cópia, para além de não ser obviamente o original, pode ser corrompida ou mal interpretada.

Sobre os universais, Avicena tem um conceito que destrói o nominalismo: os universais são simultaneamente antes das coisas, nas coisas, e depois das coisas; são antes das coisas no pensamento divino; são nas coisas nos objectos naturais; e são depois das coisas no nosso pensamento.

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